Ainda é cedo, amor
"As lágrimas de uma prostituta são o pior caminho para se cruzar à felicidade. Desculpo-me por roubar o amor e jogá-lo num poema. Preso nas entrelinhas, grita por socorro, mas sua ausência seria minha fraqueza."
Ontem, às nove da noite em meu relógio,
encontrei-a deitada com os olhos quietos.
Por espontâneo já sabia o que se passava.
Me atrevi a interrogá-la sobre teu dia.
Teus olhos serenos de tristeza remetiam-me a resposta.
Adormecendo, mas pensando em soluções,
detive-me a sete chaves em meu mundo.
Sentia de perto teu remorso,
nada pude fazer.
Dizendo-me encontrar-se sentenciada a amargar,
calei-me antes a isto.
Logo eu, que sempre tenho verbos.
Logo eu, que penso em absurdos.
Tropeço na ausência das palavras.
Quis fugir e partir ao paraíso.
Mas deixá-la ali seria um pecado sem julgo.
Fui ao chuveiro
me tentando a encontrar consolos.
Ao vê-la ali sem forças e expectativas,
lamentei minha vivência.
Estar próximo não era o suficiente.
Vaguei em meus pesares.
Em tua lágrima.
Cansado, adormeci.
Quando se pôs a lua do céu, não mais ali estava.
A procurei.
Havia partido em busca de alvorada.
Uma nova vida.
Um novo lugar para descansar.
Abri a porta
beijou-me o sol, a vi partir.
Não tive coragem de chamar-lhe.
Os santos que a protejam
e que toda amargura deságue.
V. Canuto
V. Canuto
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